Não quero ser superficial

A revista INFO trouxe uma entrevista com uma das personalidades mais influente e polêmica na área da Tecnologia da Informação: Nicholas Carr. Autor de diversos artigos e livros ele conversou com Renata Leal sobre a “febre” twitter e as transformações no comportamento intelectual na era da informação que vivemos hoje. As opiniões do entrevistado me deixaram um tanto quando preocupado por sentir que me enquadrava no perfil “superficialista” do qual ele falava, então pensei que seria interessante escrever sobre e quem sabe discutir o assunto aqui no blog.

Segundo Nicholas Carr em seu livro The Shallows (“Os Superficiais”, em inglês) a internet nos bombardeia diariamente com milhões de informações. Mas isso não significa necessariamente que estamos nos tornando pessoas melhores, pois quanto maior o número de informação, menor será o tempo que passamos nos aprofundando em um assunto e isso consequentemente, como define o autor, nos torna pessoas superficiais.

Suponho que muitos blogueiros e internautas têm o hábito, como o meu, de ler o título do post no seu leitor RSS e dependendo do assunto marca-o com lido logo de primeira, ou ainda desiste de ler o post quando vê que ele possui mais de três páginas. Este é um dos sintomas de superficialidade do qual Carr defende: Acessar e percorrer os olhos por milhares de notícias e informações, mas não se aprofundar em nada. Adotei este comportamento na tentativa de acompanhar diariamente o que acontece na blogosfera. Pura ilusão a minha. É lamentável, mas acredito e me enquadro no perfil de “superficial” que Carr descreveu, pois passar horas na internet percorrendo os olhos em centenas de artigos não é nem de longe uma maneira eficiente de aprender ou se manter informado sobre qual coisa.

Como se isso não fosse suficiente ainda há outro vilão que colabora com minha (ou nossa) superficialidade: o Twitter. Ok, ok… antes que venham os camponeses com tochas, quero deixar bem claro que sou viciado no Twitter e o utilizo regularmente juntamente com outras redes sociais. A questão que Carr levantou sobre o twitter é que ele encoraja o narcisismo e nos obriga a resumir tudo em 140 caracteres, o que na maioria das vezes é uma tarefa impossível de realizar.

Este então é mais um “pecado” que preciso confessar. Como trabalho em um departamento de TI e estou conectado a maior parte do dia através do meu querido Firefox, sempre caio em tentação para checar os últimos tweets do dia. O vício é tanto que já cheguei a passar horas e horas no Twitter pensando em algo interessante ou divertido para twittar e ser re-twittado, ou seja, estava mais preocupado em aumentar minha popularidade do que transmitir conhecimento para meus seguidores ou leitores do meu blog. Isso é ou não é narcisismo? O Twitter é só um exemplo, mas pode se estender também a outras redes sociais como orkut, facebook, badoo, etc.

Depois de ler essa entrevista achei melhor desconectar meu Echofon por um tempo (ainda prefiro o nome “TwitterFox”) e ignorar a tonelada de feeds que chegam diariamente no Google Reader. É claro que esse foi um sentimento particular meu e que outras pessoas pensam de forma diferente quando a questão é tempo gasto na internet. O propósito do post foi apenas uma reflexão sobre como temos gasto o nosso precioso tempo. Fica aqui então a sugestão para que você leitor deixe nos comentários a sua opinião sobre o assunto, concorda ou discorda?

No meu caso, procurei no blog Mais Tempo algumas dicas sobre como me concentrar mais em meus estudos e utilizar a internet de forma inteligente. Pois só assim pude voltar a navegar na web com a consciência tranquila de que não estou desperdiçando meu tempo, porque se tem uma coisa que tenho certeza absoluta nessa vida é que nunca fui e não quero ser superficial.

Este artigo foi escrito por Júnior Gonçalves e apareceu primeiro em http://www.neuronio20.com

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