Extreme Programming, ou simplesmente XP é a mais conhecida metodologia de desenvolvimento de software que segue os princípios do Manifesto Ágil. Embora seu marco de criação seja o ano de 1996, a junção de princípios e boas práticas de programação são frutos de um processo de evolução de pelo menos uma década em que Kent Beck e Ward Cunningham trabalharam na Tektronixs, Inc. como consultores de problemas em SmallTalk.
Em 1996, Kent Beck foi chamado pela Chrysler para analisar o desempenho de projeto do C3 (Chrysler Comprehensive Compensation System – Sistema de Compensação Abrangente da Chrysler). O sistema era nada menos que o controle da folha de pagamento de aproximadamente 86 mil funcionários e o objetivo do projeto era unificar os quatro sistemas legados diferentes que estavam sendo usados há vinte anos. Uma tarefa um tanto difícil, mas de total importância para a Chrysler que aos poucos viu o projeto se tornar um verdadeiro caos. Havia problema em todos os processos, desde contratos irregulares a profissionais estressados e desconfiados. Foram três dias até Beck analisar todo o projeto para apresentar as seguintes opções para o CIO (Chief Information Officer) da Chrysler:
deixar da forma que estava;
demitir todos os funcionários e cancelar o projeto e;
conceder uma semana de folga e começar o projeto do zero.
A Chrysler optou pela alternativa 3 e contratou Beck para ser responsável pelo projeto.
Depois de entrevistar várias pessoas e orientá-las no que deveriam trabalhar, Beck tinha esquematizado e nomeado as práticas básicas do XP. Os trabalhos começaram em março de 1996 e terminaram em maio de 1997, e mesmo com atraso de 2 meses por causa de mudanças de última hora nas funcionalidades do sistema, o lançamento foi um enorme sucesso (TELES, 2006).
A partir deste projeto na Chrysler liderado por Kent Beck, inúmeras equipes de desenvolvimento ao redor do mundo vêm adotando XP com sucesso, especialmente nos Estados Unidos e Europa. Aqui no Brasil, os valores e práticas veem sendo adotados desde 1998, mas ainda há poucas equipes que conduzem seus projetos utilizando a XP de forma completa (CASTRO, 2007).
Não é correto afirmar que este projeto foi o “berço” do XP, afinal seus princípios e práticas foram sendo evoluídas pelo menos durante uma década. Mas com certeza, essa foi a oportunidade que Beck teve para aplicar de forma coesa todas as práticas do XP e, além disso, foi durante este projeto que as práticas foram batizadas com os nomes atuais.
Este artigo foi escrito por Júnior Gonçalves e apareceu primeiro em http://www.neuronio20.com