Tive uma enorme dificuldade de encontrar um assunto para este post. Forças ocultas ou não, me fizeram pensar na possibilidade de não escrever sobre um assunto tecnológico, e como há uma semana esse pensamento vem martelando na minha cabeça, resolvi quebrar meus paradigmas e postar hoje uma homenagem a um amigo que faleceu na semana passada.
Não quero ser hipócrita e dizer que éramos grandes amigos e que éramos inseparáveis, isso nunca foi verdade e há algum tempo nem “Bom dia” trocávamos. Nossa amizade nasceu na infância e foi “morrendo” aos poucos na juventude, mas como eu costumo dizer: um amigo nunca deixa de ser amigo, mesmo que essa amizade fique gravada apenas nas nostálgicas lembranças do passado.
Júlio César da Cruz, conhecido pelos amigos de infância como Julhinho, era um pouco mais novo que a maioria da turma, mas nunca deixou de participar ativamente das nossas aventuras. Lembro-me das vezes em que íamos ao centro de lazer para jogar bola, soltar pipa e até mesmo nos arriscar brincando perto do rio da Penha, sua presença era constante nos jogos e brincadeiras na rua, sobretudo no futebol em que a turma adorava vê-lo correndo pra zoar: “Corre gordinho!”.
Minha maior surpresa com esse garoto, foi quando ele voluntariamente se inscreveu para fazer parte do Colibri, um coral infantil do qual eu já fazia parte há algum tempo, e nunca pensei que outra criança ali da minha rua tivesse interesse e disposição para fazer parte. Confesso que no começo não botei muita fé nele, mas tenho que admitir que estava enganado, embora sua timidez e jeito sereno de ser, não o deixava sobressair entre os demais, com certeza sua dedicação e presteza ficarão para sempre preservados na memória do Colibri.
Não poderia deixar de mencionar nesta homenagem uma das cenas mais cômicas que vivi no Colibri. Será impossível lembrar a data certa, mas a Igreja eu me lembro. Era uma manhã de domingo com missa das 8hs na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida (Prados), durante os avisos (antes da benção final) as crianças do Colibri costumavam sentar no chão, e assim que o padre deu a deixa pra levantar, o Júlio César que escolheu o lugar errado pra sentar, levantou a cabeça e deu certeiramente na fonte de alimentação do teclado, o que acarretou na desprogramação do canto final. E como essas coisas não se faz instantâneamente, esta foi a única vez que o Colibri não cantou o canto final da missa. No princípio todos acharam que o Ed fosse brigar com o Júlio, mas pelo contrário, a cena foi razão de muitas risadas e brincadeiras futuras.
Infelizmente é só nessas horas que damos o real valor na vida, é preciso perder para reencontrar, ou pelo menos refletir um pouco sobre o que estamos fazendo com o dom da vida que Deus nos deu. Para muitos a morte do Julhinho foi só mais uma tragédia envolvendo um jovem, para a família, certamente que foi uma perda quase que insuperável e para mim será uma ferida nas lembranças do que um dia fui.
Julhinho… dedico este humilde espaço, no meu humilde blog pra você. Desejo que aonde você estiver, que Nossa Senhora possa te receber com ternura e Deus te acolher de braços abertos, tenha certeza que sua memória ficará pra sempre com os amigos e com pelo menos um dos Colibris de outrora.
Este artigo foi escrito por Júnior Gonçalves e apareceu primeiro em http://www.neuronio20.com